Fotografia ⓒ Carolina Lecoq



Ressonâncias |  Miguel Teodoro

 
“Ressonância” é um projeto de criação de Miguel Teodoro. Convoca correlações entre corpo, território e cultura material para pensar a condição contemporânea do território do Alentejo, em articulação com noções de ancestralidade, reciprocidade, descontinuidade e ecologia. Propõe, como abordagem metodológica, a identificação do “território com/o corpo” (embodied landscape) e a identificação do corpo do artista enquanto dispositivo sensorial, capaz de produzir informação e de reclamar o potencial de produção de conhecimento, no contexto da criação. O artista recorre a uma "arqueologia ficcional de emergência” que compreende uma investigação comparativa dos utensílios arqueológicos e tradicionais utilizados, quer na agricultura, quer na extração do mármore, para propor uma leitura de correspondências entre estes “sistemas” de ferramentas. A investigação objetiva-se com a criação de coleção de objetos executados em pedra, com recurso apenas às “sobras” ou resíduos de extração de pedra (matéria que pelas suas dimensões ou qualidades não encontra mercado). O relevo atribuído às ferramentas manifesta-se, também, através do registo sonoro da sua utilização durante o ato de esculpir. Recorrendo a “audio field recordings” captados durante o processo de trabalho, atende-se ao registo das qualidades de reverberação do som que as superfícies e volumes de pedra oferecem, mas também à espacialização, amplificação e manipulação sonora que esse registo potencia. Os objetos escultóricos produzidos serão apresentados em ambiente instalativo onde o som, a pedra e a imagem, se afirmam como veículos possíveis para a reativação de narrativas, pretexto para pensar os fluxos de resíduos e matérias da região e dar nota dos desafios climáticos latentes, a partir da perspetiva do pensamento ecocrítico.


A residência artística de Miguel Teodoro integrou o ciclo de programação "A Condição do Campo”, um ciclo dedicado à investigação do cruzamento da noção de escultura com outras disciplinas artísticas. Tendo, como ponto de partida, o diálogo com a matéria • pedra • mármore, os artistas residentes desenvolvem o seu trabalho à luz da revisão de conceitos críticos à produção escultórica, em articulação com as suas práticas e outros vocabulários, convocando uma leitura atual do enunciado proposto em “Escultura no campo ampliado” de Rosalind Krauss.

A Pó de Vir a Ser é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura / Direção Geral das Artes e tem o apoio do Município de Évora, Município de Montemor-o-Novo, Assimagra, Formas de Pedra. Integra a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.













Miguel Teodoro
(1997, Portugal) é um artista português licenciado em Artes Plásticas pela FBAUP (2019). Atualmente frequenta o mestrado de Geo-Design na Design Academy Eindhoven (Holanda).

Desenvolve uma prática artística que intersecta vários temas e disciplinas, situando a sua prática entre ecologia, arquitectura e arte explorando as correlações entre corpo, território e cultura material.

Miguel Teodoro participa frequentemente em exposições, publicações, residências artísticas e projetos de investigação. É co-autor do Mnemonic Studio e membro do Coletivo Lab.25.

https://miguelteodoro.com